Trocavam rosas em constância diária:
de sacada em sacada;
em raro, de mão em mão.
Sempre rosas vermelhas.
Ou verdes.
Ou amarelas, ou coloridas.
Conheciam-se por foto.
Por um quadro negro de tinta ressequida na memória.
Ele o mais belo, ela a mais bela.
Dia desses se esbarraram na rua.
E eram os mesmos rostos belos do quadro negro.
Era o mesmo aspecto de sangue coagulado no rosto,
as mesmas rachaduras na pele,
a mesma hidratação por sangue,
as mesmas feridas.
Tudo era o mesmo.
O sangue dos espinhos das rosas,
e mais o sangue dos espinhos da vergonha,
do nojo e da raiva.
E não só:
era também o sangue dos espinhos do amor.
Eram todos aqueles espinhos
,e rosas,
do amor.
Talvez fosse aquele um amor de espinhos.
Pediram desculpas
e seguiram seus rumos.