Há versos que já nascem sem vida.
Que são abortos espontâneos de nascença.
Que nascem sem métrica, ética ou licença poética.
São só cuspe do corpo.
Vômito, escarro, coisa assim.
E destroem o caminho por onde passam.
E matam, só matam.
E vão tímpanos, ouvidos, orelhas, carne e tudo mais.
São morte (mal) traduzida em palavras.
É desmorfia travestida de texto.
Não faz livro, não literária, não é poesia.
Só assassina, é assassina.
Faz chorar, só isso, só faz chorar.
E não chora.
É só.
Só de solidão, só de solitário.
Só de tristeza, e só tristeza em ondas sonoras.
Só de apenas.
É isso: talvez esses versos sejam só apenas.
(Embora pena seja seu começo, meio e fim e então o prefixo de negação já perdeu seu sentido.)
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